Uma nova era de investimentos em startups pode trazer oportunidades para os investidores(as)-anjo

Startups, de forma geral, buscam um crescimento exponencial, muitas vezes querendo se tornar o próximo Unicórnio, aquelas empresas que rapidamente chegam a um valuation na casa dos bilhões. E os investidores-anjo entram neste negócio com a expectativa de terem o melhor retorno no momento de fazer o Exit (saída), seja porque a empresa foi vendida ou recebeu o investimento de um grande fundo.

Porém, com a alta taxa de inflação e juros no mundo, os investidores estão optando por fundos mais conservadores e rentáveis, o que tira recursos das startups, que precisam se adaptar ao cenário. Um exemplo é a onda de demissões e ajustes de rota que startups valiosas têm feito, como Quinto Andar e Loft, já consideradas unicórnios, e Alice, que caminha para se tornar parte do grupo de unicórnios depois do aporte de US$ 127 milhões de dólares recebido em 2021. Ainda assim, a startup de saúde demitiu 63 pessoas.

Essa adaptação do ecossistema traz algumas oportunidades para os investidores-anjo que, mais do que capital, aportam também conhecimento e rede de contato às startups. No momento de recursos escassos, o chamado smart money está muito mais interessante para empreendedores, que buscam não só o dinheiro, mas a melhor forma de gerenciar esse recurso.

“Muitas vezes o smart money pode salvar uma empresa que está indo no caminho errado. Tem smart money que participa em áreas que não são inerentes à atividade daquela startup e desonera o founder para que ele possa se dedicar àquilo que é relevante”, avalia Arthur Farme, investidor associado à Gávea Angels.

É a hora do desenvolvimento sustentável das startups

O universo das startups não é feito apenas de Unicórnios. Existem também startups que são mais focadas em um crescimento sustentável. São empresas que têm a possibilidade de crescer de forma elástica, portanto substancial, que também apresentam resultados periódicos e conseguem sustentar o valor operacional.

Neste momento em que os valuations estão sendo corrigidos e reduzidos, essas empresas – chamadas Zebras – se apresentam como uma alternativa de investimento mais conservadora e segura para os anjos.

“As Zebras são empresas que crescem menos rápido, mas podem crescer e ficar com um valuation muito razoável. São, também, tradicionalmente mais fáceis de serem vendidas em uma saída de M&A. Muitas vezes, é um retorno um pouco menor, mas é um investimento um pouco mais seguro”, avalia Teresa Simões, conselheira diretora da Gávea Angels.

Existe, inclusive, uma tendência de aumento da procura por M&A (fusões & aquisições) pelas startups, já que no momento as rodadas de captação estão mais escassas. Se a startup não está convencida de que consegue fazer o caminho do crescimento, ela começa a procurar alternativas de parceiros estratégicos, o que muitas vezes termina em M&A.

“Os anjos precisam estar atentos a isso porque os valuations serão menores”, diz Teresa.

O momento exige atenção redobrada
Se o momento de crise abre uma oportunidade para as investidoras-anjo, também exige muito mais cuidado. Por isso, as análises das startups que buscam investimento ficaram mais criteriosas. Na prática, a experiência dos empreendedores tem sido muito mais relevante.

“Os investidores-anjo apostam em pessoas porque são as pessoas que estão desenvolvendo soluções. É importante saber se o fundador já teve outros investimentos bem-sucedidos ou malsucedidos, se a startup é a principal fonte de renda dele ou uma atividade acessória. São elementos que orientam a decisão e, nesses momentos de crise, acabam assumindo um pouco mais de relevância”, explica Arthur.

A Gávea Angels já possui um processo rigoroso de screening, que se beneficia do conhecimento acumulado pelo grupo, que tem 20 anos de história. Além da experiência que resulta em processos mais bem estruturados e um background de informação sobre o universo do investimento-anjo, os investidores que fazem parte do grupo possuem expertise em áreas diversas, o que ajuda a analisar com mais rigor os potenciais investimentos.

Além disso, o processo de seleção vai se afunilando a cada etapa justamente para que as informações sobre a startup sejam precisas e a recomendação – ou não – de investimento seja mais assertiva.

Como todo investimento, o investimento-anjo possui seus riscos. Nesse momento de crise, a cautela cresce e torna ainda mais importante que o investidor esteja cercado por um grupo forte, coeso e experiente, capaz de ajudá-lo a fazer as melhores escolhas.

 

Data publicação

19/07/2022

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