Como realizar a saída de uma investida?

Todo investidor-anjo já entra no negócio com a expectativa de quando vai deixá-lo: o chamado Exit.

Diferentemente de outros tipos de investimento, em que os investidores colocam seu dinheiro em empresas e, ao longo do tempo, recebem dividendos, o investimento-anjo prevê que os investidores terão o retorno apenas no momento da saída.

Pode-se dizer que a estratégia de saída começa logo na entrada, na escolha das startups. Como a ideia é deixar o investimento tendo um bom retorno do capital investido, a busca é sempre pelas startups que apresentem um caminho mais promissor.

“Uma startup é uma empresa que deve ter possibilidade de fazer o caminho de Venture Capital, ou seja, de crescimento exponencial. São empresas que a cada 24 ou 18 meses vão fazer mais uma captação e assim crescer rapidamente”, explica Teresa Simões, conselheira diretora da Gávea Angels.

A expectativa é que, a cada rodada, essas empresas tenham uma valorização de 3 a 5 vezes. Dessa forma, o investidor realiza a saída do negócio com rentabilidade sobre o valor que investiu.

A janela de oportunidade

O Exit não é um acontecimento pontual, mas um processo que vai se desenrolando ao longo do tempo. Para que ele aconteça no melhor momento, o investidor deve estar atento à realidade da empresa investida.

Por isso, quando faz um investimento, o grupo da Gávea Angels sempre nomeia um representante para integrar o conselho consultivo da startup. É uma forma de acompanhar de perto a realidade e a evolução da empresa e de ajudá-la no caminho do crescimento, seja com mentorias ou contatos estratégicos.

A forma mais usual do Exit acontecer é por meio da venda de participação, quando outro investidor, outra empresa ou até mesmo os próprios sócios compram a participação do investidor-anjo na startup.

“O que determina o momento do Exit é basicamente o quanto aquela empresa consegue crescer e se tornar relevante dentro do mercado em que ela atua. É assim que ela acaba sendo sondada para ser comprada, fazer joint venture ou receber um investimento maior para crescer de forma ainda mais acelerada. Sempre que isso acontece é uma oportunidade para que os atuais investidores saiam convertendo o investimento em lucro”, explica Bruno Pauletti, conselheiro diretor da Gávea Angels.

A Instacasa, ConstruTech que desenvolve projetos online que ajudam na venda de loteamentos e é uma das atuais investidas da Gávea Angels, é um exemplo de empresa que atraiu grandes fundos de investimento. No início de 2022, recebeu um aporte de R$ 15 milhões liderado pela G5 Partners e com participação da Terracotta Ventures e da Gerdau Next Ventures. A Tevec, outra investida da Gávea Angels que teve exit, foi vendida para a Infracommerce por R$ 25 milhões.

Ambos os casos foram concretizados por meio da abertura de uma janela de oportunidade para os investidores. Quando essa janela se apresenta, é importante realizar uma análise criteriosa da empresa. No caso da venda integral, quando o investidor não fará mais parte do negócio, o mais importante é analisar toda a operação financeira para avaliar em que condições se dará a saída.

Em caso de venda parcial, quando o investidor vai continuar sócio, é importante avaliar porque a venda está acontecendo, o que o comprador vai agregar ao negócio e como ele pode ajudar a direcionar a empresa. Essa avaliação ajuda o investidor a ter uma noção se as ações que ele manterá na empresa podem se valorizar ainda mais ou não.

“O objetivo do investidor-anjo é sempre ter um retorno de múltiplas vezes o capital investido, mas nem sempre isso acontece. Então, é importante ter o pé no chão, não ter ganância e cultivar um olhar mercadológico para saber se faz sentido ou não vender a participação. Às vezes faz mais sentido vender simplesmente recuperando o capital, muito embora esse não seja o objetivo original”, explica Bruno.

O processo de Exit e o risco do investimento-anjo

Todo investidor deve estar ciente de que o investimento-anjo envolve risco. Por isso é fundamental cercar-se de estratégias para diminuir esse risco. Nesse sentido, estar ligado a um grupo de investidores pode ser de grande ajuda.

Na Gávea Angels, o grupo sempre escolhe um dos membros-investidores(as) na startup em questão para fazer parte do conselho consultivo da investida. Esse representante tem como missão direcionar e alinhar interesses e necessidades de empreendedores e investidores.

“A partir do momento que entramos como investidor-anjo temos que, anualmente, rever o status da empresa e o seu plano de crescimento e ajudá-la a captar mais recursos para crescer ou arranjar a melhor solução de saída possível”, diz Teresa Simões.

O contrato feito com as startups no momento da investida também reflete no Exit e deve ter cláusulas que protegem os investidores. Algumas das cláusulas que geralmente fazem parte destes contratos são: first refuse, que prevê ao investidor refutar um novo investidor ou uma nova rodada; drag along e tag along, que preveem uma proteção aos investidores com fatias maiores ou menores do negócio no caso de venda integral da empresa, quando os próprios fundadores saem do negócio.

O Exit é uma etapa natural e esperada do investimento-anjo e precisa ser feita com cuidado para que os resultados sejam os melhores possíveis. Nem sempre ele acontece no momento desejado, mas é importante que aconteça sempre no melhor momento possível.

Data publicação

20/06/2022

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