O cenário macroeconômico que se prevê para 2023 – com altas taxas de juros, inflação e incertezas na economia – segue como o grande desafio para todo o ecossistema das startups.
Tanto para empreendedores como para investidores, a tônica do momento é o olhar criterioso e muita perspicácia para que negócios sigam vivos e investimentos tenham o retorno esperado.
Do ponto de vista das startups o principal desafio é mostrar para investidores cada vez mais cuidadosos e exigentes que aquele negócio é robusto e saudável. Será um desafio cuidar, com atenção redobrada, do fluxo de caixa, já que a escassez de recursos no mercado deve se manter. Para isso, é fundamental ter um planejamento estratégico robusto e direcionado a resultados positivos.
“As startups precisam ter consciência de que suas próximas rodadas podem não acontecer no momento estimado ou planejado, e que os recursos captados nessas rodadas talvez não sejam o que elas precisam para avançar a um novo estágio. Um ligeiro adiamento de próximos aportes com valores menores faz com que a preocupação do caixa passe a ter um foco especial, assim como estratégias de monetização, foco no cliente e cuidado com a precificação. O negócio da startup precisa se pagar, pois os recursos dos investidores estão mais escassos”, avalia Marcelo Deschamps, presidente da Gávea Angels.
Estar atento ao momento de procurar recursos também é importante, já que com investidores mais criteriosos as avaliações tendem a demorar um pouco mais.
“Os empreendedores devem se planejar estrategicamente, segurar o cash burn e não deixar para procurar os investidores quando estiverem muito próximos do momento em que não terão mais fôlego. Com investidores mais criteriosos, os processos de análise são mais lentos, não sendo este o momento para gastos não planejados ou planejados numa realidade diferente da atual”, explica Alessandra Dabul, conselheira-diretora da Gávea Angels.
Investidores-anjo
Pelo lado dos investidores-anjo, o desafio nesse momento de mais incerteza é encontrar boas startups para investir, com projetos consistentes e capazes de convencê-los de que aquele risco vale a pena.
Para isso, é importante que os investidores mantenham a calma, façam análises mais cuidadosas dos negócios disponíveis e foquem nos detalhes e na governança dessas empresas para encontrar aquelas com mais solidez.
A esse rigor nas escolhas contrapõe-se a importância de uma maior abertura a questionar suas próprias convicções em relação aos investimentos e, assim, buscar abrir novas possibilidades.
“Existem investidores avessos ao crowdfunding, por exemplo, pois tem a imagem de que a captação desta maneira pode inviabilizar saídas mais interessantes. Porém, alguns captadores de investimentos vêm dizendo o contrário e bons investimentos podem aparecer neste formato. Sem preconceitos, o investidor pode fazer sua análise criteriosa e eventualmente ter bons resultados ao final”, diz Alessandra.
Diante desse cenário desafiador, a Gávea Angels tem reforçado seu já rigoroso processo de sugestão de startups a serem investidas por seus associados, além de valorizar cada vez mais o smart money, já que a expertise dos associados pode fazer toda a diferença entre o sucesso e o fracasso de um negócio.
“Temos um processo sólido de avaliação que procura cobrir todas as dimensões e riscos envolvidos na startup. Esse processo vem sendo aprimorado a cada ano com sugestões dos próprios associados e das lições aprendidas com o investimento, o que traz uma segurança a mais para os investidores”, explica Marcelo.
O foco da Gávea Angels, agora, é selecionar melhor cada aporte feito e estar mais próximo das investidas. Para isso, vai seguir usando a experiência de 20 anos de história e um grupo de investidores-anjo multidisciplinar.