Principal serviço da companhia é vistoria em apartamentos e casas para clientes como Quinto Andar e Loft.
Espécie de agência de profissionais para o mercado imobiliário ou marketplace de mão de obra qualificada, como também se define, a catarinense Hauseful acaba de fazer sua primeira captação institucional. A startup levantou R$ 1,6 milhão numa rodada anjo com Gávea Angels e Harvard Angels, que avaliou a empresa em R$ 20 milhões. O Gávea Angels terá assento no board.
A plataforma conta com profissionais de diversas áreas, principalmente engenheiros, arquitetos e fotógrafos, num modelo que chama de “uberização da mão de obra”. Os autônomos recebem pelo trabalho em até 20 dias e, em troca de 30% de fee, têm a promessa de serviço regular e a flexibilidade de agenda. As vistorias técnicas em imóveis são as mais demandadas na Hauseful, que compete, no segmento com companhias já mais maduras – como a também catarinense Rede Vistorias, investida da G5 Partners e Oria.
A principal diferença em relação a apps como o GetNinjas é que a Hauseful é focada no mercado corporativo. Para contratantes como Loft e Quinto Andar, exemplos entre os 200 clientes PJ cadastrados, são vendidas assinaturas semestrais ou anuais de pacotes personalizados com limite de serviços, que podem ser ajustados com custos adicionais.
O foco no B2B e o modelo escalável permitiram uma rápida expansão da Hauseful pelo país. Em menos de três anos de operação, a startup está presente em 10 estados e 50 das principais cidades brasileiras.
Mas ao invés de seguir avançando a outros endereços, a prioridade de investimentos com o novo caixa é ampliação da presença em São Paulo, onde está o maior volume de demanda do mercado imobiliário. Mas ao invés de seguir avançando a outros endereços, a prioridade de investimentos com o novo caixa é ampliação da presença em São Paulo, onde está o maior volume de demanda do mercado imobiliário.
“Desde o início, sentimos muita aderência com o mercado”, conta Pablo Ramirez, CEO e fundador da Hauseful, lembrando os tempos de MVP em Florianópolis. “Começamos a faturar, e de forma expressiva, desde o mês um. Até agora a operação se manteve com boostrapping”, explica o executivo equatoriano residente no Brasil há cerca de 20 anos.
A startup foi fundada em 2018, após uma conversa entre Ramirez e Robson Madalosso, cofundador da imobiliária digital Terraz — mais tarde vendida para o grupo Brognoli — sobre o efervescente mercado imobiliário no litoral de Santa Catarina. Em um evento social, os dois encontraram o outro par de sócios fundadores: João Augusto Zaratine, cofundador da Conta Azul, e Leandro Gava Destro, que veio para chefiar a área de tecnologia.
Na pandemia, a startup surfou a onda de procura por imóveis. Com imobiliárias tradicionais realizando cada vez menos visitas presenciais, com intuito de oferecer segurança ao locatário, mas também de cortar custos, a startup teve de absorver uma alta demanda. Em 2020, a operação cresceu 10 vezes.
Assim como as concorrentes, a Hauseful tem visto oportunidades em produtos complementares, como seguros. A vertical, apesar de recente, já fez crescer a carteira de clientes e parceiros, entre eles a Creditas, e deve ser uma importante fonte de receitas daqui em diante. Hoje, levando em conta todas as áreas de atuação, a startup realiza em média 7 mil serviços por mês.
Depois que ficar mais conhecida no Sudeste, onde está 80% de seu mercado endereçável, a Hauseful quer conquistar a América Latina. Em sua experiência como estrangeiro, Ramirez enxerga paralelos em outras economias vizinhas e quer aproveitar os contatos no exterior para expandir. Mas são planos para depois.
“Sempre troco muitas ideias com empreendedores de fora, isso nos traz uma visão de negócio mais abrangente”, diz. “Nosso foco agora é a consolidação nas cidades em que já estamos atuando.”
Com Gávea e Harvard Angels, Hauseful quer ser Uber do mercado imobiliário
Por Manuela Tecchio – Pipeline
15/02/2022