Mulheres podem (e devem!) ser investidoras-anjo

Um dos desafios da Gávea Angels em 2022, quando o grupo completa 20 anos, é aumentar a participação feminina. Hoje, são 13 investidoras associadas, o que representa um crescimento de 44% com relação a 2021, mas ainda é apenas 10% da base total de associados.

Ter mais mulheres dentro do grupo de anjos está na meta da Gávea Angels porque membros mais diversos atraem investidas mais diversas. Pesquisas como a Diversity Matters América Latina, feita pela consultoria McKinsey em 2020, apontam que a diversidade deixa as empresas mais inovadoras, colaborativas e rentáveis.

Um dos grandes desafios no trabalho de atrair mais mulheres é ajudá-las a se sentir mais confiantes para arriscar. Isso passa por um ponto fundamental que é a falta de incentivo recebido pelas mulheres ao longo da vida para serem mais ousadas, confiantes e terem uma vida profissional e financeira independente.

Embora seja cada vez mais comum que as famílias e a sociedade estimulem as mulheres a buscar independência, muitas ainda são criadas para ter um comportamento menos ousado e propenso ao risco, não raro focado no casamento e na criação dos filhos. Isso impacta na confiança e autocrítica, características que impactam o apetite delas ao risco e ao mundo dos investimentos.

“Existe uma barra muito alta da mulher com ela mesma. A cobrança sobre o grau de profundidade que se conhece de um assunto é muito grande. Mas as mulheres investidoras que eu conheço usam isso a favor delas. Se tem um aspecto que não dominam muito, elas vão estudar para aprender”, diz Cláudia Elisa, associada da Gávea Angels desde 2019.

Ela é um exemplo de mulher que foi estimulada pelos pais a ser independente. Casada e mãe de 3 filhos, desenvolveu uma carreira executiva que a levou a cargos de C-level em grandes empresas como Ambev, Grupo Pão de Açúcar e Via Varejo. Hoje, é conselheira de 7 empresas, além de investidora-anjo.

 

EDUCAÇÃO E CONHECIMENTO SÃO A CHAVE PARA O INVESTIMENTO

Para sair desse ciclo vicioso de falta de confiança e autocrítica é preciso trabalhar a educação e o conhecimento. Por isso é tão importante que escolas e universidades tenham aulas de empreendedorismo e finanças. O contato com esse tipo de assunto ao longo da vida vai ajudar as mulheres a desenvolver a confiança necessária para se tornarem investidoras-anjo.

É importante que elas estejam sempre dispostas a aprender, mas também que se coloquem no lugar de quem tem algo para ensinar.

Além disso, conforme essas mulheres forem se desenvolvendo, vão começar a incentivar mais mulheres a se arriscar e fazer parte do ecossistema de investimento-anjo.

“Muitas das minhas amigas se acham muito pequenas diante desse universo. Acham que quem está no meio são pessoas melhores do que elas e que não têm capacidade para isso. Mas é exatamente o contrário. Elas são super capazes, por isso quero trazê-las”, avalia Ana Paula Wey, associada da Gávea Angels desde 2018. Ela é casada, mãe de uma menina de 10 anos e, além de investidora-anjo, fundadora de 2 empresas: a aceleradora Triple Seven Investments e a assessoria financeira WP Capital.

Filha de uma mulher que sempre trabalhou fora, Ana Paula conta que gosta de acolher as novas investidoras que se associam à Gávea e que gostaria de ver mais mulheres no grupo, assim como à frente das startups.

“Sempre que encontro uma mulher nas plenárias, faço questão de me conectar com ela porque acho esse acolhimento importante. Também gostaria de ver mais mulheres empreendedoras nos pitches, embora isso não seja determinante na avaliação. Os critérios de seleção são os mesmos para qualquer pessoa”, diz.

 

O GRUPO DE ANJOS COMO ESTÍMULO

Para aquelas mulheres que sentem receio em entrar no mundo dos investimentos, associar-se a um grupo de anjos é uma boa alternativa porque ajuda a diluir o risco, permite investir tickets menores em negócios mais promissores e traz mais segurança, já que existe o background do grupo e das diferentes expertises que se unem.

Além disso, o grupo de anjos vai ajudar essas mulheres a ampliar seu networking, reforçar aprendizados e ter contato com ideias novas e disruptivas que vão ajudar nesse processo de conhecimento e encorajamento para investimentos cada vez mais robustos e ousados.

Por Maisa Infante – Redatora na Gávea Angels e colaboradora no Projeto Draft

 

Data publicação

08/03/2022

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