:: Revista Isto É Dinheiro, por Cláudio Gradilone e Marcelo De Paula
Uma das primeiras associações de investidores-anjo no Brasil, a Gávea Angels foi criada em 2002. A denominação veio da localização da PUC-Rio, no bairro homônimo carioca. A organização está iniciando suas atividades em São Paulo, diz seu presidente, o engenheiro Jorge Rocha.
O que faz a Gávea Angels?
Somos uma associação não-governamental dedicada a criar um ambiente que permita unir investidores-anjo e startups. Somos pioneiros entre as associações de investidores-anjo no Brasil. Surgimos a partir de um grupo de pessoas próximas à PUC do Rio, e atualmente temos cerca de 90 associados. Apesar da origem e do nome, há cerca de três anos deixamos de ser uma entidade carioca, pois 80% dos participantes não residem no Rio. Nossa grande vantagem é que conseguimos estabelecer processos para tornar as decisões mais ágeis. Temos uma estrutura que nos permite analisar 300 startups por ano, para investir em quatro ou cinco delas. Nossa meta é poder analisar 400 empresas por ano.
Como vocês atuam?
Nossa intenção é facilitar o investimento em empresas promissoras e trazer não apenas capital, mas agregar gestão e networking. Nossas aplicações são realizadas diretamente pelos investidores-anjo, por meio de contratos de mútuo, que são conversíveis em participações societárias na empresa. Para facilitar o processo, redigimos um contrato-padrão com as empresas em que investimos e elegemos um representante para dialogar com o empreendedor. Isso torna as decisões mais ágeis e melhora o fluxo de informações.
Como vocês agregam valor às startups?
Estamos cientes que os empreendedores não conhecem o mundo das fusões e aquisições, e também ajudamos no momento do desinvestimento. Todos começam com brilho nos olhos, mas a inexperiência muitas vezes os leva a fracassar. É aí que nós entramos. Os associados são executivos com muita experiência, são diretores ou presidentes de empresas.
Em que empresas vocês investem?
Desde o início, investimos em 26 empresas. Nos últimos três anos investimos R$ 6 milhões em oito empresas. Nenhuma delas está em situação falimentar nem em situação de stress. Algumas crescem mais depressa do que outras, mas todas estão bem. E tivemos um desinvestimento recente. Na terça-feira (8), uma de nossas investidas, a plataforma de open banking Bit Capital, cujas transações são baseadas em blockchain, foi adquirida pela Ame, o braço financeiro da Lojas Americanas. Isso mostra alguns dos nossos conceitos ao investir. Um deles é que a Inteligência Artificial vai dominar o mundo, por isso focamos em companhias não só de base tecnológica, mas também focadas no desenvolvimento de soluções de IA.
FINTECHS
Modalmais compra plataforma de educação
O banco digital Modalmais comprou a plataforma de educação financeira “Investir Juntos” para oferecer conteúdo gratuito sobre investimentos. Os principais executivos da plataforma permanecem no projeto. Hoje, o Modalmais tem R$ 12 bilhões sob custódia e pretende alcançar R$ 40 bilhões até o fim de 2021. “A compra da Investir Juntos vem para acelerar o processo de investimento em inovação”, afirmou Cristiano Ayres, co-CEO do banco. Ele disse que a previsão é fechar o ano de 2021 com 2,5 milhões de clientes.
GESTÃO
Startup Certus capta recursos
A startup de gestão Certus, que atende cerca de 300 empresas do setor industrial, está captando recursos para se tornar uma fintech voltada a pequenas e médias indústrias. O objetivo, segundo o CEO Fábio Ieger, é reduzir a mortalidade dessas empresas. Dados da Confederação Nacional da Indústria mostram que 80% das pequenas empresas que fecharam as portas, o fizeram por falta de capital. “Nosso objetivo é auxiliar cerca de 2 mil indústrias ao ano”, disse. Isso será feito oferecendo crédito com taxas inferiores às praticadas no mercado. De acordo com Ieger, estão previstas taxas de antecipação de recebíveis inferiores a 1%.
“Somos pioneiros entre os investidores-anjo do Brasil”
Por Cláudio Gradilone e Marcelo De Paula, Istoé Dinheiro
11/12/2020 13h00