Fundada em novembro de 2002, a Gávea Angels foi a primeira rede de investimento-anjo formalmente organizada na América Latina. Ela nasceu num contexto da criação de um ecossistema de inovação no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, a partir de um projeto de pesquisa desenvolvido pelo Instituto Gênesis/PUC Rio, estabelecido no mesmo bairro.
A pesquisa sobre capital de risco no Brasil contou com financiamento International Development Research Center, IDCR, do governo canadense, e foi fundamental para o surgimento da Gávea.
“O NEP/Genesis estava interessado no sistema local de inovação e os anjos eram importantes nesse sistema de venture capital. Foi por conta disso que começamos a desenvolver, conscientizar e atrair ex-alunos da PUC Rio e a fazer os primeiros fóruns, que eram mais focados em conscientização”, explica Daniela Didier, uma das primeiras colaboradoras da Gávea Angels.
Foram esses dois acontecimentos juntos – ecossistema de inovação local e pesquisa sobre capital de risco – que mostraram a importância de desenvolver o investimento-anjo no âmbito universitário, já que esse tipo de investimento pode ajudar a transformar o conhecimento produzido nos laboratórios acadêmicos em atividades empresariais.
A formalização da Gávea Angels
Em parceria com a PUC-Rio, o NEP/Gênesis desenvolveu um programa de fóruns locais com a presença de empreendedores para falar sobre a necessidade de investimentos apresentados pelas empresas em estágio inicial. A ideia era apresentar oportunidades de negócios nessas essas empresas a potenciais investidores.
Em julho de 2002, aconteceu um workshop sobre as melhores práticas dos investidores-anjo. Foi uma oportunidade de conhecer melhor o universo do investimento-anjo. Esse evento resultou na criação do Comitê Organizador Gávea Angels, que incluiu os primeiros seis investidores individuais: Ernesto Weber, Charles Spragins, Geraldo Felix Low-Beer, Marcus Fontes, Michael lsaac Barczinski e Paulo Eugênio de Niemeyer.
“O primeiro estatuto e o manual de operação foram efetivamente criados por esse grupo”, lembra Ernesto Weber, que esteve dentre os primeiros investidores individuais e foi o primeiro presidente da Gávea Angels.
O estatuto foi redigido, entre agosto e dezembro de 2002, pelo Centro de Estudos e Pesquisas do Instituto Gênesis, juntamente com os membros da Comissão Organizadora do Gávea Angels, e resultou na assembleia de fundação em 13 de dezembro de 2002.
Os associados(as) da Gávea Angels
No início da Gávea Angels, a parceria com a PUC-Rio foi fundamental no processo de consolidação da Gávea Angels porque a instituição trouxe para os eventos ex-alunos já bem estabelecidos no mercado e com capacidade de atuar como mentores e anjos dos novos empreendimentos.
O modelo de atuação da Gávea Angels foi sugerido por Dave Berkus, então presidente da Tech Coast Angels nos Estados Unidos, bem como pelas pesquisas conduzidas pelo NEP/Gênesis e pelos principais institutos internacionais de pesquisa de anjos.
OS PRIMEIROS INVESTIMENTOS
O primeiro investimento feito por um grupo de investidores da Gávea Angels foi na Publit, editora que imprime livros por encomenda.
Ernesto Weber, primeiro presidente da Gávea Angels, lembra que, naquela época, o processo de seleção já era rigoroso e, inclusive, exigia um trabalho ainda maior de mentoria junto às empresas do que acontece hoje em dia.
“Naquele tempo, fazíamos pesquisa de captação das empresas. Uma vez encontradas, elas eram preparadas por nós, investidores, porque normalmente vinham fracas e precisavam ser muito aprimoradas”, conta o investidor e ex-presidente.
Ele lembra de outro investimento que considera um marco na história da Gávea Angels: o Descomplica, edtech que começou oferecendo aulas online para ajudar os alunos a passarem no Enem e, hoje, oferece também cursos de pós-graduação e tem cerca de 5 milhões de usuários por mês e startup candidata a unicórnio em 2022. O aporte foi feito entre 2010 e 2011 e, segundo Ernesto, foi a primeira startup que resultou em participação para os associados-investidores.
“Eu me lembro que participei de um seminário, conversei com o empreendedor e o trouxe para fazer uma apresentação na Gávea Angels. No início ele não aceitou a nossa proposta, mas depois voltou e fizemos o investimento inicial”.
Desde a sua fundação, a Gávea Angels sempre trabalhou com princípios firmes para encontrar startups de alto potencial. Os processos, claro, foram sendo aperfeiçoados ao longo do tempo, mas o rigor de análise segue como um valor fundamental, tanto para a proteção dos investidores(as) quanto dos empreendedores(as).
20 anos depois, a Gávea Angels se orgulha de sua história, baseada nos valores de colaboração, agilidade, transparência, inovação e empreendedorismo e, também, com foco em resultados. Sem fins lucrativos, a associação possui aproximadamente 150 membros e toda a diretoria trabalha de forma pro bono, com o objetivo de promover a inovação e o empreendedorismo como forma de contribuir ao desenvolvimento socioeconômico do país.
