Sustentar a inovação típica das startups é uma tarefa hercúlea, que exige a participação de muitos atores para prosperar. São muitos fatores que podem colaborar para que uma empresa nascente coloque a sua solução no mundo. Por isso é tão importante fortalecer o “ecossistema das startups”, termo que abarca todas as empresas, pessoas e instituições que, de alguma forma, contribuem para fazer girar a roda da inovação.
O investimento-anjo é um componente importante nesse ecossistema porque representa o recurso fundamental num momento em que as startups precisam ganhar tração, porém, ainda não conseguem acessar capital dos grandes fundos. “Quando as startups precisam acelerar o seu crescimento para atingir um novo patamar de receita, cresce também a necessidade de caixa. Os grupos de investidores-anjo mais estruturados podem suprir essa necessidade e facilitar esse processo para os empreendedores”, explica Guilherme Fagundes, Conselheiro e Diretor de Screening e Parcerias de Originação na Gávea Angels.
Os processos de screening – um tipo de triagem inicial – são muito comuns na identificação das startups mais alinhadas à tese de investimento e ao propósito dos potenciais investidores. Ao mesmo tempo, eles proporcionam às startups a oportunidade de estabelecer vínculos mais próximos com o ecossistema, beneficiando o desenvolvimento de seu negócio. “É um processo ganha-ganha, que resulta em muitas conexões, exposição, aprendizado e na oportunidade de um eventual aporte”, afirma Guilherme. “Tudo começa com a inscrição no website e avança com a análise das informações enviadas e uma rápida entrevista com os projetos mais aderentes à nossa tese – o que pode valer uma vaga num dos Fóruns para apresentação do pitch da startup a todos nossos associados”.
O PODER DA COMUNIDADE
Dentro do ecossistema de startups, as parcerias são sempre muito importantes, principalmente por fornecerem leads (oportunidades de negócio, incluindo startups com rodada em aberto), contribuir para presença de marca e networking. E isso é feito de forma colaborativa, quando todos doam seu tempo para participar dos processos e das conversas.
Na Gávea Angels, por exemplo, o fluxo de novas startups é garantido não só pelo trabalho do comitê de screening, mas também pelos parceiros e pela busca ativa dos próprios associados e dos líderes das verticais (grupos de associados com experiência em determinados mercados). “É um trabalho pro bono, num processo muito colaborativo de todos, que trazem leads a partir de suas próprias conexões”, diz Guilherme.
Nesse contexto, as comunidades regionais que já se espalham pelo país e são cada vez mais importantes. Elas criam uma rede forte, fácil de ser encontrada e permeável a novos contatos. Já são mais de 150 espalhadas pelo Brasil, como a Rapadura Valley, no Ceará; Cajuína Valley, no Piauí; San Pedro Valley, em Minas Gerais; Cerrado Valley, em Brasília; Comunidade RS, no Rio Grande do Sul e Buriti Valley, em Roraima.
Além de ser um espaço de troca, contato e negócios entre os atores das comunidades, são espaços importantes para cobrar o poder público por melhores políticas que deem sustentação ao ecossistema.
Portanto, criar, fomentar, estruturar e organizar comunidades é essencial para que o ecossistema de startups, que está em crescimento no Brasil, ganhe tração e mais relevância no cenário econômico do País.