Grupo tem o propósito de investir em startups que acreditam que tenham potencial de crescimento. Atrair público feminino para as reuniões ainda é um desafio
Presidida pelo executivo.Jorge Rocha, a Gávea Angels, que é uma rede de investidores anjo, traz em seu conselho diretor, composto por 9 membros, duas mulheres, mas quer mais. “Temos convidado mais mulheres para nossos fóruns, que é o primeiro passo para participar das rodadas de investimento e da nossa administracão”.
Ao lado dele, no conselho, estão Cecília Andreucci e Teresa Simões, ambas com sólidas carreiras como executivas. Cecília atua como investidora-anjo e conselheira em diversas empresas. Já Teresa tem histórico na indústria de venture capital e é atualmente sócia de uma empresa de ‘professional cofounder’.
A Gávea Angels já foi também presidida por Camila Farani, única mulher bicampeã premiada como melhor Investidora-Anjo no Startup Awards entre 2016 e 2018; e, hoje, divide o posto de conselheira honorária ao lado de três homens do grupo fundador.
“O que queremos é ver mais mulheres como investidoras-anjo e fundadoras das investidas. Inúmeras pesquisas já comprovaram que mais diversidade traz melhores resultados tangíveis e intangíveis aos negócios”, afirma Cecília Andreucci.
No mundo, o número de fundadoras de startups, entre 2015 a 2019, mais do que duplicou em comparação com os quatro anos anteriores, mas ainda é pequeno. E, dentre os membros investidores da Gávea Angels, há apenas 10 mulheres, representando 10% da base de associados.
Outra pesquisa, da empresa de análise Cruchbase, mostra que as startups com mulheres na linha de frente do empreendimento vêm conseguindo atrair mais capital. O investimento nas empresas nascentes, com ao menos uma cofundadora, aumentou oito vezes entre 2010 e 2019. Da mesma forma, em 2019, 20% das empresas que conseguiram um investimento externo tinham, pelo menos, uma cofundadora, enquanto em 2010 a porcentagem era de apenas 10%.
“Eu convido as mulheres a se inscreverem para nossos Fóruns, tanto para apresentarem suas startups, como para se associarem e se tornarem investidoras-anjo. É, ao mesmo tempo, uma oportunidade de negócios e de aprendizado”, afirma Teresa.
Case Um case que as investidoras gostam de apontar é o da Maráia Torrejon, fundadora da Congresse.me, empresa que recebeu aporte da Gávea Angels em agosto de 2020. A startup criou uma plataforma que integra várias ferramentas necessárias para a realização de congressos, eventos e cursos on-line, oferecendo uma solução completa, tais como inscrição, submissão de conteúdos, certificação, publicação de anais e e-books.
Inspirada na avó que, na década de 70, decidiu deixar o Paraná, já com filhos, para desbravar uma vida nova em Rondônia em busca de melhores oportunidades, Maráia, agora com 24 anos, faz sua própria rota migratória. Saiu de Rondônia para Macaé, no Rio de Janeiro, por ter inscrito a empresa em um concurso de aceleração de startups. A partir daí, viu sua empresa decolar.
“Quero inspirar mais mulheres a acreditar que podem e devem entrar de cabeça no empreendedorismo”, afirma Maráia. Para compartilhar sua experiência, criou o 1° COEFEM Congresso on-line de Empreendedorismo Feminino, que já contou com 4.500 inscritas.
Impactada com a pandemia que promoveu o isolamento social, a Congresse.me acelerou ainda mais seu crescimento, atingindo uma alta de 700% em seu faturamento, saindo de 25 eventos no primeiro ano de atuação, com uma equipe de apenas quatro sócios e três estagiários, em 2019, para 216 congressos realizados.
“Queremos mais exemplos como esse. Uma maior diversidade na base de associados, investidas e liderança traz mais qualidade aos nossos processos decisórios e, consequentemente, mais retornos aos nossos investimentos”, afirma Jorge Rocha, CEO da Gávea Angels.
Fundada há pouco mais de 3 anos, a Gávea Angels está presente em São Paulo e Belo Horizonte e conta com aproximadamente 100 associados e 28 investidas, que ficam até cinco anos no portfólio, além de inúmeros parceiros do ecossistema de startups.
Gávea Angels está à procura de mulheres para serem investidoras-anjo
Por Nalara Bertão, Valor Investe – São Paulo
13/05/2021 06h40